Ano: 1957
De quem: Jack Kerouac
Em "On The Road", acompanhamos alguns anos na estrada da vida de Sal Paradise (na minha edição, este personagem chama-se Jack Kerouac) e Dean Moriarty (na minha edição, Neal Cassady): dois viajantes eremitas que saem na estrada sem destino, sem objetivo e sem preocupações.
“Se você não sabe pra onde está indo, qualquer estrada vai te levar pra lá."
De uma forma geral, acredito que um livro ser definido como bom ou ruim depende muito mais de quem o lê (suas percepções pessoais acerca dos assuntos tratados) do que do autor, mas nunca havia percebido isso com tanta clareza quanto em On The Road.
É, com certeza, incomparável a qualquer outro livro que eu já tenha lido. Despojado, irreverente, natural. (e neste momento me sinto descrevendo um filme da sessão da tarde da Globo - e me desculpo por isso rs) Jack Kerouac (Sal) conta uma história, sem se preocupar com formalidades linguísticas, capítulos ou pudor. Ele escreve a experiência de largar um livro em casa pela metade e ir pra estrada com Neal Cassady (Dean Moriarty) para arejar as ideias e fazer algo novo a todo instante.
Vivemos diversas fases com os personagens. O tesão de iniciante ao cair na estrada. Suas pretensões, receios e os erros de principiantes. A liberdade e os sentimentos à flor da pele - e a intermitência de todo e qualquer sentimento. Iniciamos o livro a caminho de Denver, para encontrar os amigos de Sal. Eles são a cara da Beat Generation (aqueles escritores com essa onda revolucionária pós-segunda-guerra): jogam fora todas as ideias de que é preciso ter coisas, vivem com o mínimo (em certos trechos o personagem principal tem cerca de 10 dólares pra passar a semana), se jogam e se entregam aos pensamentos e as reflexões pessoais.
"Eu não tinha nada pra oferecer a ninguém a não ser minha própria confusão."
Depois, a malícia de veterano, o papo e o jogo de quem já está há muito na estrada. Kerouac carrega o leitor pelos postos, motéis, bares, estradas, casas e todos os estados que passa. Passa e não volta. Porque pela frente tem estrada. Sempre tem.
"Nada atrás de mim, tudo a minha frente, como sempre acontece na estrada."
Um dia, alguém no mundo (provavelmente, na estrada) disse que a pior coisa que pode-se fazer por Kerouac é tentar relê-lo depois dos 30. Não tenho 30, mas concordo por antecedência. Esse é um livro para os jovens que precisam de gasolina para viverem sua juventude. Um livro que deve ser lido por quem não sabe o que quer fazer da vida. Por quem não sabe ainda que cair na estrada como Kerouac só funciona quando se é Kerouac - ou quando se pensa como ele e não tem medo do que pode vir. On The Road é um livro para quem, assim como o autor e todos os viajantes, espera encontrar a magia - e têm certeza de que ela se esconde em algum lugar no final da estrada.
Adendo: eu li na edição da L&PM Pocket do manuscrito original. Ou seja, os personagens são os originais (antes das 432094328094320 alterações que foram feitas pelos editores, que incluem mudar os nomes do Jack e do Neal pra Sal e Dean). Isso quer dizer que, talvez, ao ler o livro na edição publicada em 57, você não encontre alguns dos trechos que citei.
Melhor livro que já li pro Rory Gilmore, so far. Ler Kerouac não é ler um livro. Ler Kerouac é uma experiência.
Livro 3/MUITOS (desisti de achar a lista oficial. Tô meio que seguindo o goodreads da Amanda, do heyheybooks, porque ela tá anotando a punho os livros que vê no seriado. Sounds legit.) pro RGRP.
Até a próxima!
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