sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

pitaco #26 - virginia woolf

Nome: The Death Of the Moth And Other Essays
Ano: 1942 (póstumo...)
De quem: Virginia Woolf

Nunca ter lido Virginia Woolf foi, por muito tempo, um pesar de leitora. Que me perdoem o drama, mas a culpa era tanta que comprei quatro livros antes de ler qualquer um, antes de saber se ia gostar, antes de conhecer a escrita. Virginia, nunca te li, sempre te amei.

Queria começar por "Profissões para mulheres e outros ensaios feministas", mas não tinha na banca. Esse foi o empecilho: não tinha na banca. Aí eu baixei o The Death of The Moth pra ler no Kobo (um  viva aos leitores digitais e ao domínio público).


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

pitaco #25 - george orwell

Livro: A Revolução dos Bichos (Animal Farm)
Ano: 1945
De quem: George Orwell

Eu queria ser dessas que chega aqui, meses depois do último pitaco postado, e faz um comentário qualquer sobre um livro aleatório sem se explicar. Mas não sou, então me explico: gente, tenho sofrido de falta de criatividade. Aguda. Trabalho consome muito disso (e ainda bem que posso criar!), mas, quando se vende o que se cria, criar por amor sempre fica com cara de tabela. E isso não é algo que eu goste de fazer.

Por isso, não tenho postado muito aqui. Geralmente direciono o que escrevo pro meu blog com cara de cafeteria podre de esquina, onde eu falo sobre dor no dedão (passou, 'credita? Viva longa, medicina!) e música, o tempo todo :)

Enfim, volto aqui, depois de meses, pra falar sobre um livro que fala de porcos. E cachorros. E vacas e animais de uma fazenda. E uma grande revolução.

A Revolução dos Bichos, do George Orwell, é um clássico. Foi publicado em 1945, durante a Guerra (poucos meses antes do fim) e isso não é mera coincidência.

Animais de uma fazenda resolvem se rebelar: como assim precisamos trabalhar e produzir para um bando de humanos que não nos agradecem e ainda usufruem e lucram em cima do nosso trabalho!? Que façamos por nós mesmos! Trabalhar para nós mesmos, para comer e viver melhor! Não seremos como os humanos, exploradores!


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

por que assistir: orphan black

Nome original: Orphan Black
Ano: 2013-ainda no ar.
Criação/direção/produção:
John Fawcett (dirigiu alguns episódios de Rookie Blue - que eu amo e em breve vem pra cá também), Graeme Manson (dirigiu aquele filme nonsense, mas ~intenso~, "O Cubo")
No IMDb: 8,5/10 estrelas
No coração da Gi: 10/10 estrelas
Elenco pra você prestar atenção: Tatiana Maslany, Dylan Bruce (<3), Tatiana Maslany, Jordan Gavaris (Fílâx ♥), Tatiana Maslany, Tatiana Maslany e a brilhante menininha Skyler Wexler


oi, meu nome é Tatiana e eu sou a maior atriz que já pisou na BBC Canada, prazer!

Orphan Black é uma série de Sci-Fi da BBC Canada, iniciada em 2013.

Conta a história a partir do olhar de uma mulher: jovem, forte e nada tolerante, Sarah Manning inicia o piloto da série presenciando um suicídio.

Morri, mas pelo menos penteio o cabelo, mozão
Se ver uma pessoa se jogar na frente de um trem não é traumático o suficiente, imagine como você se sentiria se essa pessoa fosse exatamente igual a você.

Don't mess with my hair, bitch
Notando isso, Sarah, muito malandra, rouba a carteira da Beth e vai até a casa dela: muito bem mobiliada, com geladeira cheia e um namorado que só volta no fim da semana.

Antes de poder dar o golpe na poupança de sua Twin Sister, Sarah nota coisas estranhas na rotina dela: dois celulares, ligações e mensagens suspeitas o tempo todo, compromissos inadiáveis, cobranças, julgamentos por má conduta etc. O pensamento é mais ou menos o seguinte: "opa! A Sis Beth não é tão santinha quanto a gente imaginava..."

MAS (sempre tem um), ainda no piloto (zero spoilers, prometo), Srta. Manning descobre que existem mais twins por aí. Um monte. Uma alemã. Uma dona de casa do subúrbio. Uma geek de cabelo daora. Iguaizinhas a Sis Beth e, consequentemente, iguaizinhas a ela.

da esquerda pra direita: Katja (Tatiana Maslany); Helena (Tatiana Maslany); Alison (Tatiana Maslany); Sarah (Tatiana Maslany); Rachel (Tatiana Maslany); Cosima (Tatiana Maslany); Jennifer (Tatiana Maslany)


Como lidar? Quem são? De onde vieram? O QUE são? Quem tá escondendo o que? Por quem foram criadas? Por que foram criadas?

Essas perguntas não são respondidas (sorry not sorry), mas somadas à mais um bocado a medida que os episódios vão passando e grudando cada vez mais na sua cabeça.

Sarah usa o disfarce de Beth Childs pra tentar saber um pouco mais dessa irmandade toda, enquanto pega o namolindo da Sis.


A série tem de tudo. Tem ~muito~ drama (bem colocado e nada exagerado);

tem comédia (Fílâx ♥);

Beetch, please!
tem nerdisse da Cosima;



e tem Clone Club (essa cena <3)


Vejam o trailer e  SE JOGUEM NO CLONE CLUB. ♥





(Duas últimas razões porque você deveria ver:

1_ tem no netflix (<3)















2_ e tem o Cal na segunda temporada)


segunda-feira, 16 de junho de 2014

pitaco #24 - eliane brum

Nome: Uma, Duas
Ano: 2011
De quem: Eliane Brum

Se hoje sou aspirante a jornalista, devo isso a Eliane Brum. A uma professora do ensino médio, a alguns amigos que sempre me disseram a correlação que minha personalidade e a profissão têm, a algumas matérias soltas, mas, sobretudo, Eliane Brum.

a foto é da Ju Gervason, d'O Batom de Clarice


Conheci Eliane lendo Época. Conheci Eliane relatando fatos, sendo sóbria, justa e fatídica. Eliane de "A menina quebrada" e outras colunas. Entretanto...

segunda-feira, 31 de março de 2014

a flor de maio, rubem braga

Transcrição de uma crônica que está no livro "Para Gostar de Ler - Volume 2"

A Flor de Maio

Entre tantas notícias do jornal - o crime do Sacopã, o disco voador em Bagé, a nova droga antituberculosa, o andaime que caiu, o homem que matou outro com machado e com foice, o possível aumento do pão, a angústia dos Barnabés - há uma pequenina nota de três linhas, que nem todos os jornais publicaram.
Não vem do gabinete do prefeito para explicar a falta d’água, nem do Ministério da Guerra para insinuar que o país está em paz. Não conta incidentes de fronteira nem desastre de avião. É assinada pelo senhor diretor do Jardim Botânico, e nos informa gravemente que a partir do dia 27 vale a pena visitar o Jardim, porque a planta chamada "flor-de-maio" está, efetivamente, em flor.
Meu primeiro movimento, ao ler esse delicado convite, foi deixar a mesa da redação e me dirigir ao Jardim Botânico, contemplar a flor e cumprimentar a administração do horto pelo feliz evento. Mas havia ainda muita coisa para ler e escrever, telefonemas a dar, providências a tomar. Agora, já desce a noite, e as plantas em flor devem ser vistas pela manhã ou à tarde, quando há sol - ou mesmo quando a chuva as despenca e elas soluçam no vento, e choram gotas e flores no chão.
Suspiro e digo comigo mesmo - que amanhã acordarei cedo e irei. Digo, mas não acredito, ou pelo menos desconfio que esse impulso que tive ao ler a notícia ficará no que foi - um impulso de fazer uma coisa boa e simples, que se perde no meio da pressa e da inquietação dos minutos que voam. Qualquer uma destas tardes é possível que me dê vontade real, imperiosa, de ir ao Jardim Botânico, mas então será tarde, não haverá mais "flor-de-maio", e então pensarei que é preciso esperar a vinda de outro outono, e no outro outono posso estar em outra cidade em que não haja outono em maio, e sem outono em maio não sei se em alguma cidade haverá essa "flor-de-maio".
No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém - uma pessoa melhor do que eu, alguma criatura correta e simples que tire desta crônica a sua única substância, a informação precisa e preciosa: do dia 27 em diante as "flores-de-maio" do Jardim Botânico estão gloriosamente em flor. E que utilize essa informação saindo de casa e indo diretamente ao Jardim Botânico ver a "flor-de-maio" - talvez com a mulher e as crianças, talvez com a namorada, talvez só.
Ir só, no fim da tarde, ver a "flor-de-maio"; aproveitar a única notícia boa de um dia inteiro de jornal, fazer a coisa mais bela e emocionante de um dia inteiro da cidade imensa. Se entre vós houver essa criatura, e ela souber por mim a notícia, e for, então eu vos direi que nem tudo está perdido, e que vale a pena viver entre tantos sacopãs de paixões desgraçadas e tantas COFAPs de preços irritantes; que a humanidade possivelmente ainda poderá ser salva, e que às vezes ainda vale a pena escrever uma crônica.




Rubem Braga morreu em 1990 em terras cariocas. Original do ES, foi um dos cronistas mais bem quistos da literatura brasileira. 


sexta-feira, 28 de março de 2014

pitaco #23 - fernanda young

ou Sobre O Livro que Prova que Ana Cristina Cesar Estava Certa Quando Disse Que Arte É Tudo Aquilo O Que Nos Tira Da Inércia.

Nome: Tudo que você não soube (ou O Livro Mais Triste do Mundo)
Ano: 2007
De quem: Fernanda Young

A lucidez é uma loucura. Quando você consegue olhar pra sua vida e enxergar onde você estava certo, onde podia ter feito outra coisa; quando você consegue olhar pro seu presente e falar o que precisa ser feito pra que as coisas deem certo; quando você sabe como magoar alguém e o faz porque esse alguém merece: esse tipo de lucidez enlouquece.


E a escritora do livro que está escrito em "Tudo que você não soube" é tão lúcida quanto somos todos. Mas a sua linha entre lucidez e loucura completa se atenua a cada linha.

quarta-feira, 26 de março de 2014

adélia prado, amor em forma de mulher

Na última terça-feira, dia 24 de Março de 2014, a romancista, novelista e poeta Adélia Prado participou do programa Roda Viva, da TV Cultura. A entrevista foi demais. Incrível. E todo mundo devia assistir.

Na banca: Augusto Nunes (o de sempre), Ana Weiss (jornalista cultural da revista IstoÉ), Rosélia Aguiar (biógrafa e jornalista literária), Fabrício Corsaletti (colunista do Folha de SP e poeta - autor do lindíssimo poema "Esquimó"), Paulo Werneck (curador da FLIP e editor da Cosac Naify e da Cia das Letras) e Ubiratã Brasil (jornalista do Estado de SP).

"Não acredito que a tristeza seja o motor da poesia. Uma pessoa não escreve poesia porque é triste, ou porque é alegre. A poesia vem de um outro lugar que inclui tristeza e alegria. Mas essa não é a condição pra escrever nenhuma obra, porque nenhuma obra, ainda que nascida da tristeza, por ser poética - por ser arte -, é bela: e a beleza é alegria pura."




Adélia Prado, sim senhor! God save the queen of brazilian poetry! ;)

segunda-feira, 24 de março de 2014

rory gilmore reading project #4 - on the road

Nome: On The Road - Pé Na Estrada
Ano: 1957
De quem: Jack Kerouac

Em "On The Road", acompanhamos alguns anos na estrada da vida de Sal Paradise (na minha edição, este personagem chama-se Jack Kerouac) e Dean Moriarty (na minha edição, Neal Cassady): dois viajantes eremitas que saem na estrada sem destino, sem objetivo e sem preocupações.



“Se você não sabe pra onde está indo, qualquer estrada vai te levar pra lá."

domingo, 16 de março de 2014

pitaco #22 - clarice lispector

Nome: Perto do Coração Selvagem
Ano: 1943
De quem: Clarice Lispector

Ao citar um livro que li da Clarice, caio na tentação (e acabei de ceder à ela) de não nomeá-la no conjunto nome-sobrenome. Isso, porque "Clarice Lispector" soa não mais como nome da autora, mas como uma nominação para 70% das citações que viajam internet afora.


Apesar disso, a aventura de tentar citá-la, descrevê-la ou explicar o enredo de seus livros é ainda maior do que a tentação de chamá-la apenas de "Clarice". Em "Perto do Coração Selvagem", nos traz pra dentro da mente e da alma de Joana, uma menina que, no início do livro, causa estranhamento por sua mania incomum de cansar de brincar e criar poesias.

segunda-feira, 10 de março de 2014

rory gilmore reading project #3 - alice's adventures in wonderland

Nome: Alice's Adventures in Wonderland (Alice no País das Maravilhas)
Ano: 1865
De quem: Lewis Carroll

Um clássico da literatura infantil escrito no século dezenove. Cheio de simbologias, entrelinhas e personagens subjetivos, este livro divide opiniões quanto ao seu conteúdo. 





domingo, 9 de março de 2014

pitaco #21 - alice munro

Nome: Dear Life (Vida Querida)
Ano: 2012
De quem: Alice Munro

Esse é o último livro da autora, que já publicou outras 13 obras. Na contracapa dessa edição da Editora Vintage, transcreveram um trecho de uma resenha no "Daily Telegraph": "Amantes da sua escrita devem esperar que este não seja, de fato, seu grand finale. Mas, se for, é espetacular."


Primeiro livro da autora que li e, mesmo assim, ao terminar o livro, lamentei sua "aposentadoria" do meio literário.

sexta-feira, 7 de março de 2014

[vídeo] por que você lê?


Pra gente pensar um pouco no porquê a gente lê o que lê. Nas consequências que aparecem na nossa vida por causa dessas leituras. E pra gente pensar também no que aquilo o que lemos desperta na gente. :)

(devaneios depois de um dia de trabalho. Vídeo sem edição, tô descabeladíssima e com a cara amassada, mas prest'enção só no que tô falando, faz favor! rs)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

poesia: anna akhmatova

Vinte e um. Segunda- feira. É noite! 
No escuro uns contornos de cidade. 
Algum vagabundo escreveu 
que na terra pode haver amor. 

E por tédio ou preguiça, 
todos acreditaram e assim vivem: 
esperam encontros, temem adeus 
e cantam canções de amor. 

Mas a outros revela-se o enigma, 
e o silêncio repousará sobre eles... 
Descobri isto por acaso 
e desde esse momento sinto-me mal. 




 Anna Akhmátova foi uma poeta ucraniana do século XIX, que viveu na Rússia e escreveu sobre ela. Sofreu censura durante 20 anos, quando foi tradutora de grandes clássicos da literatura (como livros do Victor Hugo). Morreu em 1966.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

post especial: caio fernando abreu (e por que você deveria lê-lo)

Creio que a literatura, assim como toda forma de arte, serve pra nos fazer respirar ares diferentes por entre nossa própria mente. De uma, de outra ou de todas formas, usamos, constantemente, os livros pra fugirmos de alguma coisa. E foi em uma dessas fugas que encontrei Caio.

Caio que, na época, foi um trabalho da escola. Sobre a seguinte discussão: existe o pós-modernismo? Se sim, o que foi e quem se enquadra nas características?

Fui pessimamente mal na tentativa de discutir estas questões. Sou péssima em tentar teorizar o sentimento - seja ele qual for. Li Caio pra esta pesquisa, mas me esqueci de ler com os olhos de estudante depois de três linhas. Descobrir que ele havia morrido também foi outro martírio a parte - sobretudo porque ele morreu no ano que nasci.

Pois bem, aqui vai: 9 (porque 18 vai exigir muitas linhas) razões pra você lamentar os 18 anos sem Caio Fernando de Abreu.

1_ Ele foi amigo e inspirou pessoas como Adélia Prado, Ana Cristina Cesar e Cazuza. Adélia, que ele lia quando estava triste (hábito que eu adquiri por osmose); Ana, cuja morte foi chorada inúmeras vezes antes de acontecer, de fato; Cazuza, que o inspirou e foi inspirado por ele, num meio-que-romance que nunca foi muito certificado por nenhum dos dois - nem negado.

2_ "Hoje quero escrever qualquer coisa tão iluminada e otimista que, logo depois de ler, você sinta como uma descarga de adrenalina por todo o corpo, uma urgência inadiável de ser feliz. Ser feliz agora, já, imediatamente. E saia correndo para dar aquele telefonema, marcar um encontro, armar um jantar, quem sabe um beijo; para comprar aquela passagem de avião, embarcar hoje mesmo para Nova York, Paris, Hononulu. Tão revigorado e seguro – depois de me ler – que nada, absolutamente nada, dará errado: ela (ou ele) atenderá com prazer (em todos os sentidos) ao seu chamado, haverá saldo no banco para a passagem e muitos dólares. Tudo se organizará rápida e meio magicamente, como se todos os astros e todos os deuses só esperassem por um momento seu para derramar sobre sua cabeça, digamos, uma cornucópia de bem-venturanças." (em uma crônica de jornal)

3_ Olha essa carinha, gente.



4_  "O Brasil não precisa de escritores, o Brasil precisa de arroz e feijão."


5_ "Fique bem, please. Paciência — é preciso ter infinita paciência. Olhar meigo para tudo & todos. Humildade, decência, recato & pudor. A um passo da santidade." (trecho de uma carta, contida no livro "Cartas")

6_ “Não quero lembrar. Faz mal lembrar das coisas que foram e não voltam. No começo fiquei com raiva, achei que ela não pensou em mais ninguém quando desapareceu. Só nela mesma. Mas a gente nunca pode julgar o que acontece dentro dos outros. Ela queria outra coisa” (trecho de "Onde Andará Dulce Veiga", que falei aqui)

7_ "e enquanto falas e me enredas e me envolves e me fascinas com tua voz monocórdia e sempre baixa, de estranho acento estrangeiro, penso sempre que o mar não é esse denso escuro que me contas, sem palmeiras nem ilhas nem baías nem gaivotas, mas um outro mais claro e verde, num lugar qualquer onde é sempre verão e as emoções limpas como as areias que pisamos, não sabes desse meu mar porque nada digo, e temo que seja outra vez aquela coisa piedosa, faminta, as pequenas-esperanças,mas quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem acaba nem assim nem agora nem aqui ......................................................................................." (trecho do conto "à beira do mar aberto", do livro "Os Dragões Não Conhecem o Paraíso")

8_ “Daquele tempo nem tão distante, daqueles dias que até hoje duram às vezes duas, às vezes duzentas horas, restou esta sensação de que, como eles, também me vou tombando rápido dentro da boca de um vulcão aberto sem fôlego nem tempo para repetir como numa justificativa, ou oração, ou mantra, enquanto caio sem salvação no fogo que é verdade, que si, que no, que nadie puede mismo vivir sin amor.” (metâmero de "Ovelhas Negras")

9_ 



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

trecho: alcione araújo


A única coisa que tem é a arte de cantar que Deus deu. Mas nem sei se isso é profissão. Porque arte, o Senhor sabe, além da beleza, não serve para nada. Também não se ganha quase nada, meu Cristo. São palmas e palmas, mas fazer o que com as palmas? Palma, se hoje tem, amanhã não tem. Nem sei por que as pessoas metem na cabeça de ser artista. Sabe, meu Cristo, eu tenho medo do futuro. O tempo vai passando, se hoje está difícil, amanhã o que vai sobrar? Enquanto esse carro está andando, dá a impressão de que alguma coisa boa pode acontecer na próxima cidade, na próxima semana, no próximo mês. Com o carro andando, há um resto de esperança. É quase nada, mas com ela a gente vai vivendo. Porque, no fundo, a gente acredita que, ao virar a próxima curva, tudo vai ser diferente, o mundo vai ser melhor. mas depois de um acurva vem outra curva, e em cada cidade que a gente chega tudo é igual às outras que estivemos. A gente roda, roda, e o mundo é sempre igual. Uma hora dessas isso vai parar de andar. O que vai sobrar de tudo isso?

Trecho de "Pássaros de Voo Curto", do Alcione Araújo.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

pitaco #20 + por que assistir: v de vingança

Nome: V de Vingança
Ano: 1988
De quem: Alan Moore e David Lloyd


EUA, anos 80. O roteirista Alan Moore convida o quadrinista David Lloyd para ajuda-lo na criação de um projeto encomendado. A ideia era criar um quadrinho de suspense, mas eles foram muito além disso. Tomando clássicos culturais (Orwell e Huxley são citados nesta lista) (David Bowie e Robin Hood também) como inspiração, Alan e David criaram um símbolo revolucionário: Codinome V.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

por que assistir: a mais bela dama

Nome original: My Fair Lady
Ano: 1964
Direção: George Cukor (ele também dirigiu aquele "Nasce uma Estrela")
No IMDb: 7,9/10 estrelas
No coração da Gi: 8,5/10 estrelas 
Elenco pra você prestar atenção: Audrey Hepburn (a de Bonequinha de Luxo), Rex Harrison (do Doutor Dolittle) e Wilfrid Hyde-White (esse cara aqui).


Baseado numa peça do grande George Bernard Shaw, My Fair Lady venceu o Oscar de 1964 como melhor musical.



Ela fala errado. Vende flores. Grita. Não tem boas maneiras. Não se enquadra na high society.

Ele é professor. Culto. Inteligente. Astuto. Clara e altamente competitivo - e, por isso, aposta que transformará a moça supracitada em uma dama de alta sociedade. Em seis meses.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

rory gilmore reading project #2 - the great gatsby

Nome: The Great Gatsby (O Grande Gatsby)
Ano: 1925
De quem: Francis Scott Fitzgerald 

Um romance de 140 páginas que te transporta pros anos 20, no auge do American Dream e do Jazz. 



F. Scott Fitzgerald nos mostra duas figuras antagônicas: Nick Carraway, o narrador, que tem uma vida comum, sem muitos luxos; e Jay Gatsby, que vive n'uma mansão exuberante, bancada por um dinheiro que ninguém sabe de onde veio.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

poesia: cecília meireles

Desamparo

Digo-te que podes ficar de olhos fechados sobre o meu peito,
porque uma ondulação maternal de onda eterna
te levará na exata direção do mundo humano.

Mas no equilíbrio do silêncio,
no tempo sem cor e sem número,
pergunta a mim mesmo o lábio do meu pensamento:

quem é que me leva a mim,
que peito nutre a duração desta presença,
que música embala a minha música que te embala,
a que oceano se prende e desprende
a onda da minha vida, em que estás como rosa ou barco...?








Poema de Cecília Meireles, que morreu em 1964, no Rio de Janeiro, onde nasceu. 



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

pitaco #19 - boris vian

Nome: A Espuma dos Dias
Ano: 1947
De quem: Boris Vian


Este livro é um clássico da literatura. Considerado tão importante para os jovens franceses quanto o "O Apanhador no Campo de Centeio" é para os de língua inglesa, "A Espuma dos Dias" traz uma história de romance surreal, poética e surpreendente.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

tag: livros opostos

Por que você deveria ver esse vídeo: fiz uma vinheta. EDITEI o vídeo (porque eu falei muita besteira na gravação e tava sem tempo de regravar rs). Tô gravando de frente pros meus livros. Aprendi a mudar a fotinha do YouTube. Eu cito livros muito bons. E, sobretudo, eu penteei o cabelo. BANG.



Informações:


Criada pelo Bruno Miranda, do minha estante: http://youtube.com/user/minhaestante

Eu citei esses livros e estes são seus textos, aqui no blog:


- "noite em claro", da Martha Medeiros: http://cabeceiradebolso.blogspot.com....

- "o segredo e outras histórias de descoberta", da Lygia Fagundes Telles: http://cabeceiradebolso.blogspot.com....

- "paris, 98!", do Mario Prata: http://cabeceiradebolso.blogspot.com....

- "Drácula", do Bram Stoker: http://cabeceiradebolso.blogspot.com....

- "o colecionador de lágrimas", do Augusto Cury: http://cabeceiradebolso.blogspot.com....

- "persuasão", da Jane Austen: http://cabeceiradebolso.blogspot.com....

- "onde andará Dulce Veiga?", do Caio Fernando Abreu: http://cabeceiradebolso.blogspot.com....


Até a próxima! :-)

Skoob Twitter Blog de crônicas, contos e blablablás. | Pra seguir o blog. | Youtube

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

por que assistir: sociedade dos poetas mortos

Nome original: Dead Poets Society
Ano: 1989
Direção: Peter Weir
No IMDb: 8/10 estrelas
No coração da Gi: 25/10 estrelas (rs ♥)
Elenco pra você prestar atenção: Robin Williams (o Robin Williams, pô), Ethan Hawke (que fez NY, Eu Te Amo) e Robert Sean Leonard (O Wilson, de House).


Um colégio interno só para meninos. Muitas regras. Uma postura ditatorial. Disciplina. Esse é o pano de fundo para a história de "Sociedade Dos Poetas Mortos".


pitaco #18 - luiz felipe pondé

Livro: Guia Politicamente Incorreto da Filosofia - Ensaio de Ironia
Ano: 2012
De quem: Luiz Felipe Pondé

Eu não tinha nada contra o autor, mas, depois de ler este livro, não ser (nem parecer) com ele se tornou uma das minhas metas principais de vida.


Falando desse jeito, dou a entender que é um livro ruim. Aqui está minha ressalva: não é. Não somente. É um livro que precisa ser lido com cuidado, analisado pelas entrelinhas e estudado com coerência, para não se deixar cair nos argumentos muito bem estruturados, mas completamente preconceituosos dentro de suas tentativas de corretices (de correto rs). 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

pitaco #17 - lygia fagundes telles

Livro: O Segredo e Outras Histórias de Descoberta
Ano: 2012
De quem: Lygia Fagundes Telles

Não sei falar sobre livros que gosto. Não sei falar sobre livros de contos. Este foi um livro de contos que gostei.

Os 5 contos foram escritos sob a mesma ótica de crianças descobrindo coisas novas. A perspectiva de descoberta é sempre difícil de descrever, mas a Lygia o faz de uma forma tão leve que, em alguns momentos, me perguntei até onde aquilo não havia sido presenciado por ela.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

pitaco #16 - ana cristina cesar

Livro: Poética
Ano: 2013
De quem: Ana Cristina Cesar

Ana C. vivia de palavras. Sua construção poética é tão pessoal que eu tive a impressão de que, ao lê-la, seus amigos sentiriam algum tipo de incômodo por saberem tão fundo de alguém com quem conversam cotidianamente.


No decorrer do livro, percebi que me enganei: devia ser impossível "conversar cotidianamente" com Ana Cristina Cesar.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

rory gilmore reading project #1 - apresentação

TÔ EMPOLGADA. Tô sem estudar, com tempo livre e começando diversos projetos. Além dos vídeos, animei pro Rory Gilmore Reading Project depois de ter resolvido assistir novamente ao seriado Gilmore Girls desde o início.

A série conta a história das Sra e Srta. Gilmore: mãe e filha que não têm marido/pai, mas tem uma à outra - o que já basta. Elas são, sobretudo, amigas. Passa longe de ser um besteirol, mas retrata o cotidiano delas de uma forma tão legal que é uma das minhas séries preferidas. <3 Eu acordava cedo aos domingos para assistir no SBT (E chamava TAL MÃE, TAL FILHA rs) e, por influência da Rory, eu li MUITO na minha infância. I miss the old TV. God, save it. ;-)

Lorelai e Rory <3

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

pitaco #15 - julie maroh

Livro (HQ): Azul É A Cor Mais Quente
De quem: Julie Maroh
Ano: 2010

*** gravei um vídeo sobre esta HQ, clique em MAIS INFORMAÇÕES para assisti-lo ***

Uma história de amor que tinha tudo pra cair no clichê, mas vai muito além. Se não tivesse sido escrita tão recentemente, eu diria que foi a inspiração pra música “Só tinha de ser com você”, do Tom Jobim.



 É, só eu sei
Quanto amor eu guardei
Sem saber que era só pra você
(...)
É, você que é feita de azul
Me deixa morar nesse azul
Me deixa encontrar minha paz
Você que é bonita demais
Se ao menos pudesse saber

Que eu sempre fui só de você
Você sempre foi só de mim

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

saldo final da maratona literária 2.0

Cumprir metas é sempre bom, mas ultrapassá-las é ainda melhor! Queria ter lido CINCO e li SETE livros na maratona! \o/


Foram eles (em ordem de leitura):

1_ Um Bestseller Pra Chamar de Meu, da Marian Keyes
2_ O Que É Religião, do Rubem Alves
3_ O Quinze, da Rachel de Queiroz
4_ Caraminholando, da Silvia Corrêa
5_ Memórias Inventadas, do Manoel de Barros (<333)

E os livros bônus:

6_ Reunião de Poesia, da Adélia Prado (<33333)
7_ Azul É A Cor Mais Quente, da Julie Maroh (<3333333)


E como foi a maratona pra vocês, gente?

Beijinho e até a próxima!

[Volto essa semana pra falar da HQ + Filme de "Azul É A Cor Mais Quente" ♥]

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

pitaco #14 - rubem alves

Livro: O que é religião (Coleção Primeiros Passos)
Ano: 1984
De quem: Rubem Alves

* clique em "mais informações" para assistir ao vídeo sobre este livro.

Este foi o segundo livro que escolhi para a maratona literária. Só o coloquei na lista, porque os livros desta coleção sempre me pareceram rasos (apesar de ser o tipo de leitura que sempre parece inédita, mesmo na sétima releitura). Não foi o caso deste livro: ou sei pouco sobre religião, ou sei mais do que imagino sobre os outros assuntos.



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

maratona literária 2.0

Informações completas aqui: http://www.cafecomblablabla.com.br/2014/01/05/maratona-literaria-2-0/
Como se inscrever: http://www.cafecomblablabla.com.br/2014/01/06/maratona-literaria-2-0-inscricoes/
Duração: 13/01 até 19/01

•••

Bem, para definir minha meta, precisei considerar que tenho um compromisso inadiável de segunda à sexta, das 7h às 17h. Eu trabalho. rs Logo, não posso assumir algo que não vou conseguir. Leio, em média, três livros por semana. 

Meta final: ler cinco livros em sete dias. As opções que separei são:

> Um Bestseller Para Chamar de Meu, da Marian Keyes - 742 páginas - Bertrand Brasil (já comecei, então a meta é terminá-lo)
> Memórias Inventadas, do Manoel de Barros - 159 páginas - Editora Planeta
> Caraminholando, Silvia Corrêa - 110 páginas - Editora Girafinha
> O Que É Religião, do Rubem Alves - 131 páginas - Editora Abril Cultural / Brasiliense
> O Quinze, da Raquel de Queiroz - 158 páginas - José Olympio Editora

Com exceção do livro da Marian Keyes, os outros são curtos. Apesar do tempo escasso (sou lerdinha pra ler...), acho que consigo!

Participem! É legal! :-)

Até a próxima! 

post especial: oscar literário 2013

E saindo do cazulo, temos Giovanna respondendo à esta tag que achei tão divertida que precisei fazer! ^_^

A proposta é responder as dez categorias referente às leituras do ano passado. Só clicar em play! :-)


Informações:

_ Criador da tag: http://www.youtube.com/watch?v=cxlhLxOSu4A

_ Perguntas e respostas:

01- Melhor livro do ano -> O Lobo da Estepe (Hermann Hesse)
02- Melhor autor do ano -> Caio Fernando Abreu
03- Melhor protagonista masculino -> "Holden", de The Catcher In The Rye (JD Sallinger) 
04- Melhor protagonista feminino -> "Luíza", de Ela e Outras Mulheres (Rubem Fonseca)
05- Melhor personagem coadjuvante masculino -> "Pedro", de Onde Andará Dulce Veiga? (Caio Fernando Abreu)
06- Melhor personagem coadjuvante feminino -> "Mamãe Weasley", de Harry Potter (JK Rowling) / "Irmã do Holden", de The Catcher In The Rye (JD Sallinger)
07- Melhor arte da capa -> The Bell Jar (Sylvia Plath)
08- Melhor mundo/ambiente criado -> Hogwarts/mundo mágico, de Harry Potter (JK Rowling)
09- Melhor título do ano -> A Mulher Mais Linda da Cidade (Charles Bukowski)
10- Melhor final de livro -> Jane Eyre (Charlotte Brontë)

_ Links dos livros citados:

"Ela e Outras Mulheres", do Rubem Fonseca:

• Post onde cito "The Bell Jar", da Sylvia Plath; e "The Catcher In The Rye", do JD Sallinger:

• Sobre a série "Harry Potter", da JK Rowling:

• Sobre "Onde Andará Dulce Veiga?", de Caio Fernando Abreu:

• Post sobre Caio, no Blog 282:

Até a próxima! :-)

pitaco #13 - mario prata

Livro: Paris, 98!
De quem: Mario Prata
Ano: 2006


Descontraído, engraçado, inusitado e completamente Brasileiro (com B): essa é a descrição pra "Paris, 98!".

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

pitaco #12 - vinicius de moraes

Livro: Uma Mulher Chamada Guitarra
De quem: Vinicius de Moraes
Ano (de lançamento): 2013

Que Vinicius é amor, poesia e bossa todo mundo sabe, mas esse livro ressalta seu dom de fazer beleza com coisas simples: mesmo que se trate das babaquices que costumamos fazer quando estamos apaixonados. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

pitaco #11 - pedro gabriel

Livro: Eu Me Chamo Ântonio
De quem: Antônio Pedro Antônio Gabriel
Ano: 2013

"É que, às vezes, a gente precisa perder amores para ganhar poemas"


Poesia que surge na mesa do bar, depois da cerveja, escrita no guardanapo com a letra meio arrastada. De quando não se tem o pudor do que não deve dizer sobre o que se sente e sai exatamente aquilo o que se tem vontade de contar. Afinal, existe o certo e o errado ao sentir?

sábado, 4 de janeiro de 2014

pitaco #10 - leminski

Livro: Toda Poesia
De quem: Paulo Leminski
Ano: 2013

Vamos às informações: a edição que ganhei de presente foi a 12ª impressão. E vejam a quantidade de marcações.


Os fatos falam por si.