terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

poesia: cecília meireles

Desamparo

Digo-te que podes ficar de olhos fechados sobre o meu peito,
porque uma ondulação maternal de onda eterna
te levará na exata direção do mundo humano.

Mas no equilíbrio do silêncio,
no tempo sem cor e sem número,
pergunta a mim mesmo o lábio do meu pensamento:

quem é que me leva a mim,
que peito nutre a duração desta presença,
que música embala a minha música que te embala,
a que oceano se prende e desprende
a onda da minha vida, em que estás como rosa ou barco...?








Poema de Cecília Meireles, que morreu em 1964, no Rio de Janeiro, onde nasceu. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário