Sempre
vejo listas de livros que deveríamos ter lido antes de chegar nos vinte; filmes
que deveríamos ter assistido até o fim da adolescência; álbuns que já
deveríamos ter escutado antes dos trinta. Num desses encontros com A Grande Lista Das Coisas Que Nunca Ouvi
Falar, assisti o filme “Antes do Amanhecer”. É com o Ethan Hawke e com a
Julie Delpy.
O
filme começa num trem pela Europa. A próxima parada é Viena e a paz dos
viajantes é interrompida por um casal que briga em alto e bom (péssimo) som.
Por um momento de troca de olhares e identificação, Jesse, norte-americano, e
Céline, francesa, vão para o vagão-restaurante para compartilhar um café.
A
sintonia entre os dois é tão boa que Jesse, num impulso, convida Céline para
descer em Viena com ele. Por que não? Depois, quando ela chegasse aos trinta e
tantos e estivesse prestes a casar com alguém que ela mais-ou-menos ama e
parasse para pensar em todas as oportunidades de homens que deixou passar, dizer não seria uma escolha que ela se
arrependeria. E ela diz sim.
O filme tem as ruas da
cidade austríaca como cenário e, quando terminei de assistir, passei por uma
vontade incontrolável de ouvir o primeiro
álbum do cantor brasileiro Cícero. O longa é tão suave quanto a voz dele.
(sugestões
de músicas: “Ensaio sobre Ela”, “Laiá Laiá” e “Vagalumes Cegos”)
No
mesmo feeling desse filme, de ser
calmo e repleto de ideias, li recentemente o livro “Querida Sue”, da americana
Jessica Brockmole.
O
livro se passa em dois períodos, simultaneamente: a 1ª Guerra e o recente
início da Segunda Guerra Mundial. Narrado todo por meio de cartas, conhecemos
Elspeth Dunn, uma poeta que mora na pacata e escocesa Ilha de Skye. Ela está se
correspondendo com o americano David Graham, um leitor de seus poemas que,
hospitalizado, aproveita para escrever sobre sua admiração.
Simultaneamente,
lemos as cartas de Margaret. Ela está nos anos 1940, apaixonada por um piloto
da Força Aérea. A mãe de Margaret não gosta da ideia desta paixão por
guerrilheiros e no início do livro ela tenta convencê-la de que o amor não veio
do desespero.
A
medida que a história vai se desenvolvendo, vemos um algo-a-mais nas
correspondências de Elspeth com Dave. Seria algo bonito, se Elspeth não fosse
casada com um homem que está na Guerra.
Enquanto
isso, 30 anos depois, a mãe de Margaret desaparece e tudo o que deixa para trás
são cartas: a única esperança que ela tem de reencontrar a mãe.
Liguei
o filme com este livro, porque ambos
falam de pessoas que assumiram riscos. Ambos são cheios de ideias. As conversas do casal de “Antes
do Amanhecer” são bem parecidas com as cartas de Dave e Elspeth. São pessoais,
de casais feitos de seres únicos, que usam sua individualidade para conquistar
o outro, em seus mínimos detalhes.
Ambos
são artes que falam do amor da sua forma mais simples: no ato conhecer o outro. :-)
Espero
que vocês gostem das indicações! <3
Bêjo, da
Gi Marques
Gi Marques
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